A CIDADE COLONIZADA E OS IMPACTOS DA PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS NA POPULAÇÃO NEGRA E INDÍGENA

Autores

  • Sulamita Rosa da Silva Rede MulherAções - Rede de Formações para Negras, Afroindígenas e indígenas do Acre
  • Cláudia Marques de Oliveira Rede MulherAções - Rede de Formações para Negras, Afroindígenas e indígenas do Acre
  • Andrisson Ferreira Silva Universidade Federal do Acre (UFAC)

Palavras-chave:

Racismo, Novo Coronavírus, População Negra e Indígena

Resumo

O presente trabalho tem o objetivo de analisar os impactos da pandemia do novo coronavírus que expôs a sociedade em suas velhas práticas de exclusão, tendo como alvo principal a vida da população negra e indígena. Como procedimento teórico-metodológico será feito levantamento de reflexões a partir da obra de Fanon, podendo entrever como a máquina estatal funciona contra os condenados da terra, Foucault tratando sobre a biopolítica e Mbembe acerca da necropolítica. Os resultados permitem a compreensão de como o sistema estatal é colonizador e patriarcal, condenando o corpo inferiorizado – as minorias políticas atingidas pela regulação da vida e da morte, do acesso e do não acesso A partir desse contexto pandêmico é possível a percepção de que a biopolítica, a necropolítica, o darwinismo social e a eugenia ganharam ainda mais força pela alastração do SARS-CoV-2 nas cidades colonizadas.

Biografia do Autor

Sulamita Rosa da Silva, Rede MulherAções - Rede de Formações para Negras, Afroindígenas e indígenas do Acre

Graduada em Pedagogia (2013-2017) e Mestra em Educação pela Universidade Federal do Acre (2017-2019). Atuou como professora substituta na área de Ensino e Aprendizagem na Ufac (2018-2020), lecionando disciplinas relacionadas a Investigação e Prática Pedagógica nas escolas; Didática e Estágio Supervisionado. Pesquisa temáticas relacionadas a: educação para as relações étnico-raciais e de gênero; interseccionalidade, epistemologias feministas negras, currículo e didática voltados para a inclusão e equidade no processo educativo. Apoiada como Liderança pelo Edital de Aceleração de Lideranças Femininas Negras: Marielle Franco pelo Baobá: fundo para equidade racial (2020-atual), executando o projeto Rede MulherAções - Rede de Formações para Negras, Afroindígenas e indígenas do Acre, configurando-se também como extensão pelo Neabi/Ufac. Atua no projeto de pesquisa internacional: So who is building sustainable development? Transforming exploitative labour along southern corridors of migration, sendo financiado pelo Conselho de Pesquisa Econômica e Social do Reino Unido (ESRC) e coordenado pela Universidade de Strathclyde (ES/S001417/1), com o objetivo da criação de um protocolo regional em defesa de direitos dos imigrantes indígenas venezuelanos do povo Warao (agosto 2020-março 2021). Pesquisadora associada a ABPN - Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as.

Cláudia Marques de Oliveira, Rede MulherAções - Rede de Formações para Negras, Afroindígenas e indígenas do Acre

láudia Marques de Oliveira é quilombola do povo gurutubano do norte de Minas, nasceu em Janaúba no estado de Minas Gerais. Possui graduação em Normal Superior/Pedagogia - Faculdades Pedro Leopoldo. Bolsista Internacional da Fundação Ford com mestrado pelo Programa de Pós-Graduação: Conhecimento e Inclusão Social em Educação - Linha: Educação, Cultura, Movimentos Sociais e Ações Coletivas pela Fae/UFMG com o tema: Cultura Afro-brasileira e Educação: significados de ser criança negra e congadeira no município de Pedro Leopoldo/MG. Professora substituta na Universidade Federal do Acre - Ufac 2018 a 2020 e Rede Municipal de Educação da Prefeitura de Pedro Leopoldo/MG. Formadora do Pacto para Alfabetização na Idade Certa 2014/2016 pela Universidade Federal de Ouro Preto - UFOP e do Programa A Cor da Cultura realizado pelo MEC/Canal Futura/Seppir 2010/2012. Membro do Programa Ações Afirmativas na UFMG, do Observatório da Discriminação Racial, do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Universidade Federal do Acre - Neabi/Ufac e do Grupo de Pesquisa "O processo de construção do docente em história: possibilidades e desafios da formação inicial e da formação continuada do fazer-se historiador em sala de aula. Professora associada e integrante do Comitê Científico da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN). Membro da Comissão Editorial da Revista em Favor de Igualdade Racial e da Rede MulherAções - Rede de Formações para Mulheres Negras, Afroindígenas e Indígenas do estado do Acre - prêmio Lideranças Públicas Negras 2021. Atua no projeto de pesquisa internacional: So who is building sustainable development? Transforming exploitative labour along southern corridors of migration, sendo financiado pelo Conselho de Pesquisa Econômica e Social do Reino Unido (ESRC) e coordenado pela Universidade de Strathclyde (ES/S001417/1), com o objetivo da criação de um protocolo regional em defesa de direitos dos imigrantes indígenas venezuelanos do povo Warao (agosto 2020-março 2021).

Andrisson Ferreira Silva, Universidade Federal do Acre (UFAC)

Graduando do curso de Licenciatura em História pela Universidade Federal do Acre (Ufac). Foi bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), atuou como bolsista no laboratório Observatório de Discriminação Racial (ODR/Ufac), e é integrante dos Grupos de Pesquisa GPPCDH: "O processo de construção do docente em história”; "Gênero, Decolonialidade, Culturas Indígenas e Afro-Brasileira" e do grupo "Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi/Ufac)". É sócio da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros e Negras (ABPN). Faz parte do programa de Residência Pedagógica em História e tem experiência com a temática das relações étnico-raciais articulado à Lei 10.639/2003. Atualmente é bolsista no projeto "Educação para as Relações étnico-raciais" desenvolto a partir do Programa de Desenvolvimento para as Nações Unidas - PNUD, e pela Secretaria de Políticas de Promoção de Igualdade Racial - Seppir, e desenvolve pesquisa de Iniciação Científica (Pibic) no projeto "Representações dos povos indígenas do Acre nas plataformas digitais brasileiras".  Atua como Editor Gerente na Revista Em Favor de Igualdade Racial (Refir) e também no corpo editorial técnico da Revista Das Amazônias - revista discente de História da Ufac.  

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Publicado

2021-09-04 — Atualizado em 2021-09-04

Versões

Como Citar

Rosa da Silva, S., Marques de Oliveira, C., & Silva, A. F. (2021). A CIDADE COLONIZADA E OS IMPACTOS DA PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS NA POPULAÇÃO NEGRA E INDÍGENA. South American Journal of Basic Education, Technical and Technological , 8(2), 576–593. Recuperado de https://teste-periodicos.ufac.br/index.php/SAJEBTT/article/view/4732

Edição

Seção

Ciências Humanas