LEI E ORDEM: UNIDADE DE VÍTIMAS ESPECIAIS E REGIMES DE VISIBILIDADE ACERCA DO ESTUPRO NA CULTURA POP

Autores

  • Karina Gomes Barbosa Ufop

Palavras-chave:

crítica feminista, estupro, regimes de visibilidade, SVU, Mariska Hargitay, Eu sou a evidência

Resumo

Neste artigo, busco refletir acerca do lugar político ocupado pelo produto seriado Lei e ordem: unidade de vítimas especiais no enquadramento do estupro a partir da produção de regimes de visibilidade, acionando o próprio seriado e outros discursos que ele enseja, a partir da abordagem da crítica feminista (LAURETIS, 1984) sobre as condições de possibilidade das mulheres no audiovisual. Para tal, interpelo uma estratégia narrativa do seriado, a figura da revelação do estupro; e uma das estratégias temáticas do seriado, o ripped from the headlines/direto das manchetes. Além disso, posiciono SVU em diálogo com um contexto discursivo incitado pelo seriado durante as décadas em que está no ar, mais notadamente a partir de sua protagonista, Mariska Hargitay, que implica em uma posição política do/a partir do/com o seriado. Essas estratégias produzem uma pedagogia acerca do tema, assim como ressaltam a relevância do testemunho para as sobreviventes. Ao mesmo tempo, colocam a série em uma posição instável em relação à politização do prazer (ANG, 1985), às pautas feministas e ao entretenimento.

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Publicado

2020-09-22

Como Citar

Gomes Barbosa, K. (2020). LEI E ORDEM: UNIDADE DE VÍTIMAS ESPECIAIS E REGIMES DE VISIBILIDADE ACERCA DO ESTUPRO NA CULTURA POP. TROPOS: COMUNICAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA (ISSN: 2358-212X), 9(2). Recuperado de https://teste-periodicos.ufac.br/index.php/tropos/article/view/3966

Edição

Seção

Dossiê - Potências políticas do pop: gênero e ativismo na cultura pop