O NÃO VOTO EM NOME DA FÉ: SILAS MALAFAIA E O 2º TURNO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2020
Palavras-chave:
eleições, imaginário, capital midiáticoResumo
O objetivo deste artigo é analisar as relações entre religião e política no Brasil contemporâneo, tomando como corpus de análise vídeos publicados pelo pastor evangélico da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, Silas Malafaia. Um dos mais importantes líderes evangélicos do país, proprietário de um considerável conglomerado midiático (que vai de programas de rádio, editora e TV), Malafaia tem se destacado no cenário político nacional pelo menos desde a eleição de 2010. No ano de 2020, durante o segundo turno, produziu uma série de vídeos sobre a disputa em diversos munícipios, interpelando seus interlocutores como “povo abençoado” e proferindo uma série de ataques aos candidatos de esquerda, utilizando-se da ocasião para reproduzir sua oposição a tal campo político a partir da ideia de “perigo” que suas vitórias poderiam representar. Ao analisarmos sua argumentação, defendemos a hipótese de que sua discursividade traduz elementos de uma “guerra cultural” encetada por grupos conservadores no espaço público contemporâneo, com considerável capital midiático, sobretudo nas redes sociais.
Referências
AINZ, Alexandra. Acotando el concepto de fundamentalismo: una definicion. Anuário Teológico, n. 13, vol. 1, 2011, Buenos Aires.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
BERGER, Peter. Os múltiplos altares da modernidade: rumo a um paradigma da religião numa época pluralista. Petrópolis, RJ: Voes, 2017.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. 16.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
____________. Coisas ditas. São Paulo: Braziliense, 2004.
BUCCI, Eugenio. Existe democracia sem verdade factual? Cultura política, imprensa e bibliotecas públicas em tempos de fake news. Barueri, SP: Estação das Letras e Cores, 2019.
BURITY, Joanildo. Ola conservadora y surgimento de la nueva derecha cristiana brasileña? La coyuntura postimpeachment em Brasil. Ciencias Sociales y Religión, v.22, p. 1-24, 2020.
CAMPOS, Leonildo Silveira. O projeto político de “governo do justo”: os recuos e avanços dos evangélicos nas eleições de 2006 e 2010 para a Câmara Federal. Debates do NER, ano II, n.18, pp. 39-82, jul/dez., Porto Alegre, 2010.
CESAR, Larissa de Oliveira. Pastor Silas Malafaia nas eleições de 2018: o uso estratégico do Twitter como palanque no cotidiano midiatizado. 2019. 229 f. Dissertação (Mestrado em Mídia e Cotidiano). Programa de Pós-graduação em Mídia e Cotidiano, Universidade Federal Fluminense,Niterói, 2019.
CHARAUDEAU, Patrick. A conquista da opinião pública: como o discurso manipula as escolhas políticas. São Paulo: Contexto, 2016a.
_________. Linguagem e discurso: modos de organização. São Paulo: Contexto, 2016b.
_________. Discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2015.
CUNHA, Magali. “É preciso salvar a família”: gênero, religião e política no contexto do neoconservadorismo evangélico nas mídias no Brasil. In: VITAL, Christina; LOPES, Paulo Victor; LUI, Janayna. Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições de 2014. Rio de Janeiro: Fundação Henrich Boll Stifung, 2017.
____________. A explosão gospel: um olhar das ciências humanas sobre o cenário evangélico no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007.
DIP, Andrea. Em nome de quem? A bancada evangélica e seu projeto de poder. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
DOUGLAS, Mary. Pureza e perigo. São Paulo: Perspectiva, 1976.
FRESTON, Paul. Bolsonaro, o populismo, os evangélicos e a América Latina. In CARRANZA, Brenda; GUADALUPE, José Luiz Pérez. Novo ativismo político no Brasil: os evangélicos do século XXI. Rio de Janeiro: Konrad Adenauer Stiftung, 2020.
LACERDA, Marina Bosso. O novo conservadorismo brasileiro: de Reagan a Bolsonaro. Porto Alegre: Zouk, 2019.
LÉON, Oscar Amat; GUADALUPE, José Luis Pérez. Os novos ‘grupos de pressão política’ dos evangélicos na América Latina. In: GUADALUPE, José Luis Pérez; CARRANZA, Brenda. Novo ativismo político no Brasil: os evangélicos do século XXI. Rio de Janeiro: Konrad Adenauer, 2020.
MACHADO, Maria das Dores. A vertente evangélica do neoconservadorismo brasileiro. In CARRANZA, Brenda; GUADALUPE, José Luiz Péres. Novo ativismo político no Brasil: os evangélicos do século XXI. Rio de Janeiro: Konrad Adenauer Stiftung, 2020.
_____________. Aborto e ativismo religioso nas eleições de 2010. Revista Brasileira de Ciência Política, n.7, p.25-37, jan.-abr. 2012.
MAINGENEAU, Dominique. Variações sobre o ethos. São Paulo: Parábola, 2020.
MARIANO, Ricardo. Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil. São Paulo: Edições Loyola, 2014.
MIGUEL, Luis Felipe. Da “doutrinação marxista” à “ideologia de gênero” – Escola Sem Partido e as leis da mordaça no Parlamento brasileiro. Direito e Práxis, Rio de Janeiro, vol. 7. N.15, 2016, p.590-621.
MIRANDA, Julia. Convivendo com o “diferente”: juventude carismática e tolerância religiosa. Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, v. 30, n.1, p. 117-142, 2010.
___________. Carisma, sociedade e política: novas linguagens o religioso no político. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
MONTES, Maria Lucia. As figuras do sagrado: entre o público e o privado na religiosidade brasileira. São Paulo: Claro Enigma, 2012.
ORTUNES, Leandro et all. Pastores influenciadores digitais e o ciber- rebanho de suas redes nas eleições de 2018. Anais do Compolítica 8, Brasília, 2019, 1-26.
PRANDI, Reginaldo; CARNEIRO, João Luiz. Em nome do pai: Justificativas do voto dos deputados federais evangélicos e não evangélicos na abertura do impeachment de Dilma Rousseff. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v.33, n.96 São Paulo, 2017.
PY, Fabio. Pandemia cristofascista. São Paulo: Editora Recriar, 2020.
SANTOS, Marcela Barba et all. Mídia, religião e política: o discurso combativo de pastores pentecostais nas eleições presidenciais de 2018. Tríade, Sorocaba, SP, v. 8, n. 18, 2020.
SILVA, Emanuel Freitas da; LUZ, Andrea; FROTA, Horacio. Atores políticos e dinâmicas eleitorais. Fortaleza: Ed. Meta, 2020.
SILVA, Emanuel Freitas da. “Deus acima de tudo”: a performatividade religiosa como estratégia de legitimação de Bolsonaro, o “presidente cristão”. In: SILVA, Emanuel Freitas da; LUZ, Andrea; FROTA, Horacio. Atores políticos e dinâmicas eleitorais. Fortaleza: Ed. Meta, 2020.
SILVA, Emanuel Freitas da; SILVEIRA, Emerson Sena da. A pandemia de covid-19 sob a benção de Bolsonaro e evangélicos: mobilização política anti-ciência, saber mágico e pós-verdade. Revista Inter-Legere, Natal, v. 3, n. 29, 2020.
SIUDA-AMBROZIAK, Renata. A religião e política no Brasil contemporâneo – o caso das eleições presidenciais de 2010. Revista del CESLA, No. 17, 2014, pp. 101-115, 2014.
TADVALD, Marcelo. Eleitos de deus e pelo povo: os evangélicos e as eleições federais de 2010. Debates do NER, ano II, n.18, pp. 83-109, jul/dez., Porto Alegre, 2010.
WEBER, Max. As seitas protestantes e o espírito do capitalismo. In: WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. 4.ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979.
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70, 2011.
BERGER, Peter. Os múltiplos altares da modernidade: rumo a um paradigma da religião numa época pluralista. Petrópolis, RJ: Voes, 2017.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. 16.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
____________. Coisas ditas. São Paulo: Braziliense, 2004.
BUCCI, Eugenio. Existe democracia sem verdade factual? Cultura política, imprensa e bibliotecas públicas em tempos de fake news. Barueri, SP: Estação das Letras e Cores, 2019.
BURITY, Joanildo. Ola conservadora y surgimento de la nueva derecha cristiana brasileña? La coyuntura postimpeachment em Brasil. Ciencias Sociales y Religión, v.22, p. 1-24, 2020.
CAMPOS, Leonildo Silveira. O projeto político de “governo do justo”: os recuos e avanços dos evangélicos nas eleições de 2006 e 2010 para a Câmara Federal. Debates do NER, ano II, n.18, pp. 39-82, jul/dez., Porto Alegre, 2010.
CESAR, Larissa de Oliveira. Pastor Silas Malafaia nas eleições de 2018: o uso estratégico do Twitter como palanque no cotidiano midiatizado. 2019. 229 f. Dissertação (Mestrado em Mídia e Cotidiano). Programa de Pós-graduação em Mídia e Cotidiano, Universidade Federal Fluminense,Niterói, 2019.
CHARAUDEAU, Patrick. A conquista da opinião pública: como o discurso manipula as escolhas políticas. São Paulo: Contexto, 2016a.
_________. Linguagem e discurso: modos de organização. São Paulo: Contexto, 2016b.
_________. Discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2015.
CUNHA, Magali. “É preciso salvar a família”: gênero, religião e política no contexto do neoconservadorismo evangélico nas mídias no Brasil. In: VITAL, Christina; LOPES, Paulo Victor; LUI, Janayna. Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições de 2014. Rio de Janeiro: Fundação Henrich Boll Stifung, 2017.
____________. A explosão gospel: um olhar das ciências humanas sobre o cenário evangélico no Brasil. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007.
DIP, Andrea. Em nome de quem? A bancada evangélica e seu projeto de poder. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
DOUGLAS, Mary. Pureza e perigo. São Paulo: Perspectiva, 1976.
FRESTON, Paul. Bolsonaro, o populismo, os evangélicos e a América Latina. In CARRANZA, Brenda; GUADALUPE, José Luiz Pérez. Novo ativismo político no Brasil: os evangélicos do século XXI. Rio de Janeiro: Konrad Adenauer Stiftung, 2020.
LACERDA, Marina Bosso. O novo conservadorismo brasileiro: de Reagan a Bolsonaro. Porto Alegre: Zouk, 2019.
LÉON, Oscar Amat; GUADALUPE, José Luis Pérez. Os novos ‘grupos de pressão política’ dos evangélicos na América Latina. In: GUADALUPE, José Luis Pérez; CARRANZA, Brenda. Novo ativismo político no Brasil: os evangélicos do século XXI. Rio de Janeiro: Konrad Adenauer, 2020.
MACHADO, Maria das Dores. A vertente evangélica do neoconservadorismo brasileiro. In CARRANZA, Brenda; GUADALUPE, José Luiz Péres. Novo ativismo político no Brasil: os evangélicos do século XXI. Rio de Janeiro: Konrad Adenauer Stiftung, 2020.
_____________. Aborto e ativismo religioso nas eleições de 2010. Revista Brasileira de Ciência Política, n.7, p.25-37, jan.-abr. 2012.
MAINGENEAU, Dominique. Variações sobre o ethos. São Paulo: Parábola, 2020.
MARIANO, Ricardo. Neopentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil. São Paulo: Edições Loyola, 2014.
MIGUEL, Luis Felipe. Da “doutrinação marxista” à “ideologia de gênero” – Escola Sem Partido e as leis da mordaça no Parlamento brasileiro. Direito e Práxis, Rio de Janeiro, vol. 7. N.15, 2016, p.590-621.
MIRANDA, Julia. Convivendo com o “diferente”: juventude carismática e tolerância religiosa. Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, v. 30, n.1, p. 117-142, 2010.
___________. Carisma, sociedade e política: novas linguagens o religioso no político. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
MONTES, Maria Lucia. As figuras do sagrado: entre o público e o privado na religiosidade brasileira. São Paulo: Claro Enigma, 2012.
ORTUNES, Leandro et all. Pastores influenciadores digitais e o ciber- rebanho de suas redes nas eleições de 2018. Anais do Compolítica 8, Brasília, 2019, 1-26.
PRANDI, Reginaldo; CARNEIRO, João Luiz. Em nome do pai: Justificativas do voto dos deputados federais evangélicos e não evangélicos na abertura do impeachment de Dilma Rousseff. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v.33, n.96 São Paulo, 2017.
PY, Fabio. Pandemia cristofascista. São Paulo: Editora Recriar, 2020.
SANTOS, Marcela Barba et all. Mídia, religião e política: o discurso combativo de pastores pentecostais nas eleições presidenciais de 2018. Tríade, Sorocaba, SP, v. 8, n. 18, 2020.
SILVA, Emanuel Freitas da; LUZ, Andrea; FROTA, Horacio. Atores políticos e dinâmicas eleitorais. Fortaleza: Ed. Meta, 2020.
SILVA, Emanuel Freitas da. “Deus acima de tudo”: a performatividade religiosa como estratégia de legitimação de Bolsonaro, o “presidente cristão”. In: SILVA, Emanuel Freitas da; LUZ, Andrea; FROTA, Horacio. Atores políticos e dinâmicas eleitorais. Fortaleza: Ed. Meta, 2020.
SILVA, Emanuel Freitas da; SILVEIRA, Emerson Sena da. A pandemia de covid-19 sob a benção de Bolsonaro e evangélicos: mobilização política anti-ciência, saber mágico e pós-verdade. Revista Inter-Legere, Natal, v. 3, n. 29, 2020.
SIUDA-AMBROZIAK, Renata. A religião e política no Brasil contemporâneo – o caso das eleições presidenciais de 2010. Revista del CESLA, No. 17, 2014, pp. 101-115, 2014.
TADVALD, Marcelo. Eleitos de deus e pelo povo: os evangélicos e as eleições federais de 2010. Debates do NER, ano II, n.18, pp. 83-109, jul/dez., Porto Alegre, 2010.
WEBER, Max. As seitas protestantes e o espírito do capitalismo. In: WEBER, Max. Ensaios de Sociologia. 4.ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979.
Downloads
Publicado
2021-07-08
Como Citar
Freitas da Silva, E., & de Castro Oliveira, K. (2021). O NÃO VOTO EM NOME DA FÉ: SILAS MALAFAIA E O 2º TURNO DAS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE 2020. TROPOS: COMUNICAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA (ISSN: 2358-212X), 10(1). Recuperado de https://teste-periodicos.ufac.br/index.php/tropos/article/view/4557
Edição
Seção
Dossiê - Mídia, religião e religiosidade na era da digitalização
Licença
Transferência de direitos autorais:
Declaro que após aprovado para publicação a Revista Tropos editada pela Universidade Federal do Acre (UFAC), passará a ter os direitos autorais do trabalho, que se tornarão propriedade exclusiva da Revista, sendo permitida a reprodução total ou parcial desde que devidamente referenciada.
