EMPODERAMENTO E BIOPOLÍTICA NOS FEMINISMOS MIDIÁTICOS DE MULHER-MARAVILHA E CAPITÃ MARVEL

Autores

  • Natalia Engler Prudencio Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) ( https://orcid.org/0000-0001-5538-2139

Palavras-chave:

Mulher-Maravilha, Capitã Marvel, empoderamento, visibilidade, biopolítica

Resumo

Partindo da noção do gênero como construção discursiva, formulada por Teresa de Lauretis a partir de um referencial foucaultiano, o presente artigo busca caracterizar as especificidades do fenômeno recente de emergência de ideias e temas feministas na cultura midiática, ao qual denomino de feminismos midiáticos, tendo em vista também suas implicações para as políticas feministas. Para tanto, examina-se dois filmes, Mulher-Maravilha (2017) e Capitã Marvel (2019), em que se pode observar algumas das características que têm se mostrado centrais para as políticas de representação desses feminismos, conforme descrito sobretudo pelas teóricas feministas de mídia Sarah Banet-Weiser e Rosalind Gill (também apoiadas no pensamento de Michel Foucault). Tal exame revela a ambivalência da visibilidade e como ela se relaciona a uma nova forma de biopolítica que constitui subjetividades por meio de demandas por empoderamento. 

Biografia do Autor

Natalia Engler Prudencio, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) (

Mestranda em Meios e Processos Audiovisuais na ECA-USP (bolsista CNPq), com uma pesquisa sobre discursos feministas na cultura midiática. Possui graduação em Jornalismo pela Universidade de São Paulo (2007) e mestrado em Communication, Media and Cultural Studies - Università degli Studi di Firenze (2011). É membro dos grupos de pesquisa MidiAto, Grupo de Estudos de Linguagem e Práticas Midiáticas (ECA-USP), Crítica de Mídia e Práticas Culturais (USP/UFSC) e Mirada - Estudos de Gênero e Audiovisual (ECA-USP). Atuou em redações como repórter e editora assistente de cultura e entretenimento por mais de dez anos, com passagens por Folha de S.Paulo e UOL.

Referências

ASSUNÇÃO, Alysson Bruno M.; JORGE, Thaïs Mendonça. As mídias sociais como tecnologias de si. Esferas, v. 3, n. 5, 2015.

BANET-WEISER, Sarah. Authentic TM: The Politics of Ambivalence in a Brand Culture. Nova York e Londres: New York University Press, 2012.

______. Am I Pretty or Ugly? Girls and the Market for Self-Esteem. Girlhood Studies, v. 7, n. 1, p. 83-101, 2014.

______. Keynote Address: Media, Markets, Gender: Economies of Visibility in a Neoliberal Moment. The Communication Review, v. 18, n. 1, p. 53-70, 2015a.

______. ‘Confidence You Can Carry!’: Girls in Crisis and the Market for Girls’ Empowerment Organizations. Continuum, v. 29, n. 2, p. 182-193, 2015b.

______. Empowered: Popular Feminism and Popular Misogyny. Durham e Londres: Duke University Press, 2018. E-book.

BANET-WEISER, Sarah; GILL, Rosalind; ROTTENBERG, Catherine. Postfeminism, Popular Feminism and Neoliberal Feminism? Sarah Banet-Weiser, Rosalind Gill and Catherine Rottenberg in Conversation. Feminist Theory, v. 0, n. 0, p. 1-22, 2019.

BERTH, Joice. O que é empoderamento? Belo Horizonte: Letramento, 2018.

COLLINS, Patricia Hill. Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. São Paulo: Boitempo, 2019.

DOANE, Mary Ann; MELLENCAMP, Patricia; WILLIAMS, Linda. Feminist Film Criticism: An Introduction. In: DOANE, Mary Ann; MELLENCAMP, Patricia; WILLIAMS, Linda (org.). Re-vision: Essays in Feminist Film Criticism. Los Angeles: University Publications of America, 1984, p. 1-17.

FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante, 2017.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 13. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1998.

______. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 20. ed. Petropólis: Vozes, 1999.

______. Tecnologias de si, 1982. verve, n. 6, p. 321-360, 2004.

______. História da sexualidade I: a vontade de saber. 7. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2018.

GILL, Rosalind. Gender and the media. Cambridge: Polity, 2007. E-book.

______. Post-Postfeminism?: New Feminist Visibilities in Postfeminist Times. Feminist Media Studies, v. 16, n. 4, p. 610-630, 2016.

GILL, Rosalind; ORGAD, Shani. The Confidence Cult(ure). Australian Feminist Studies, v. 30, n. 86, p. 324-344, 2015.

GRAY, Herman. Subject(ed) to Recognition. American Quarterly, v. 65, n. 4, p. 771-798, 2013.

HALL, Stuart. Notas sobre a desconstrução do popular. In: SOVIK, Liv (org.). Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte e Brasília: Editora UFMG, Representação da Unesco no Brasil, 2003a, p. 247-264.

______. Codificação/decodificação. In: SOVIK, Liv (org.). Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte e Brasília: Editora UFMG, Representação da Unesco no Brasil, 2003b, p. 387-404.

______. Reflexões sobre o modelo de codificação/decodificação: uma entrevista com Stuart Hall. In: SOVIK, Liv (org.). Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte e Brasília: Editora UFMG, Representação da Unesco no Brasil, 2003c, p. 353-386.

______. Cultura e representação. Rio de Janeiro: Apicuri; Editora PUC-Rio, 2016.

HOLLANDA, Heloisa Buarque de (org.). Explosão feminista: arte, cultura, política e universidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

KAPLAN, E. Ann. A mulher e o cinema. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.

KELLNER, Douglas. A cultura da mídia - estudos culturais: identidade e política entre o moderno e o pós-moderno. Bauru: EDUSC, 2001.

LAURETIS, Teresa De. Alice Doesn’t: Feminism, Semiotics, Cinema. Londres e Basingstoke: Macmillan, 1984.

______. A tecnologia do gênero. In: HOLLANDA, Heloísa Buarque De (org.). Tendências e impasses: o feminismo como crítica cultural. Rio de Janeiro: Rocco, 1994, p. 206-242.

MULVEY, Laura. Prazer visual e cinema narrativo. In: XAVIER, Ismail (org.). A experiência do cinema: antologia. Rio de Janeiro: Graal, 1983, p. 437-453.

______. Unmasking the Gaze: Feminist Film Theory, History, and Film Studies. In: CALLAHAM, Vicki (org.). Reclaiming the Archive: Feminism and Film History. Detroit: Wayne State University Press, 2010, p. 17-31.

NWABASILI, Mariana Queen. A altura das falas na ‘realidade’ e na ficção audiovisual: reflexões sobre representação e representatividade. Novos Olhares, v. 6, n. 1, p. 129-146, 2017.

PRUDENCIO, Natalia Engler. Das Políticas às economias: a questão da visibilidade para os feminismos midiáticos contemporâneos. In: ANAIS DO 42o CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO 2019, Belém. Anais [...]. Belém: Intercom - Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, 2019, p. 1-13. Disponível em: http://portalintercom.org.br/anais/nacional2019/resumos/R14-0826-1.pdf. Acesso em 19 jun. 2020.

RANCIÈRE, Jacques. O espectador emancipado. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.

ROTTENBERG, Catherine. The Rise of Neoliberal Feminism. Nova York: Oxford University Press, 2018.

THORPE, Holly; TOFFOLETTI, Kim. Female Athletes’ Self-Representation on Social Media: A Feminist Analysis of Neoliberal Marketing Strategies in “Economies of Visibility”. Feminism & Psychology, v. 28, n. 1, p. 11-31, 2018.

VALENZUELA ARCE, José Manuel. Trazos de sangre y fuego. Wetzlar: Bielefeld University Press, 2019.

WILLIAMS, Raymond. Keywords: A Vocabulary of Culture and Society. Nova York: Oxford University Press, 1983.

FILMOGRAFIA

CAPITÃ Marvel. Direção: Anna Boden e Ryan Fleck. Burbank, CA (EUA): Walt Disney Pictures. 123 min. Título original: Captain Marvel.

MULHER-MARAVILHA. Direção: Patty Jenkins. Los Angeles: Warner Bros., 2017. 1 disco blu-ray (141 min.). Título original: Wonder Woman.

Downloads

Publicado

2020-09-16

Como Citar

Engler Prudencio, N. (2020). EMPODERAMENTO E BIOPOLÍTICA NOS FEMINISMOS MIDIÁTICOS DE MULHER-MARAVILHA E CAPITÃ MARVEL. TROPOS: COMUNICAÇÃO, SOCIEDADE E CULTURA (ISSN: 2358-212X), 9(2). Recuperado de https://teste-periodicos.ufac.br/index.php/tropos/article/view/3957

Edição

Seção

Dossiê - Potências políticas do pop: gênero e ativismo na cultura pop